sexta-feira, 18 de abril de 2008


22 DE ABRIL: SALVE...SALVE O DESCOBRIMENTO DO BRASIL..!

AS CONTROVÉRSIAS DESSA HISTÓRIA:

“Não há fatos eternos, assim como não há verdades absolutas”

Frieddrick Nietzsch

Certamente o ilustre leitor, assim como este articulista aprendeu nas salas de aula com o abnegado Professor – que quase sempre está preso aos livros didáticos – a lição da instigante e aventurosa história do descobrimento do Brasil.

O relato oficial transcrito nestes livros nos dá conta, resumidamente, que D. Manoel I, Rei de Portugal, determinou que fosse realizada uma viagem às Índias onde pretendia estabelecer relações comerciais e fundar um império colonial. Esta expedição contou com 1200 homens e uma esquadra composta por 10 caravelas e 3 navios comandada por Pedro Álvares Cabral.

A esquadra partiu de Portugal no dia 08.03.1500, mas não seguiu exatamente o caminho que Vasco da Gama havia percorrido, pois, em decorrência de tempestades em alto mar ou devido às correntes marítimas afastaram-se da costa da África e, “casualmente”, os navios aproximaram-se de terra a 21 de abril de 1500, avistando um monte muito alto e redondo o qual foi denominado de Monte Pascoal, nome dado devido à proximidade da Páscoa.

A chegada dos Portugueses ao Brasil foi relatada com riqueza de detalhes em uma carta com 27 páginas datada de 01.05.1500, escrita por Pero Vaz Caminha e dirigida a D. Manoel I. Esta missiva, segundo o Historiador Chico Alencar pode ser considerada a “Certidão de Nascimento do Brasil”.

No entanto, este grande e judicioso Político e Historiador Chico Alencar em sua magnífica obra denominada “BR 500” nos mostra com bastante humor e competência as inúmeras controvérsias desta história.

Segundo o historiador há 250 milhões de anos tudo estava reunido no supercontinente chamado Pangea e há aproximadamente 100 milhões de anos a África e América do Sul se separaram definitivamente, surgindo assim e por completo o Oceano Atlântico.

Há fortes indícios também, de que há 50 mil anos já existiam grupos humanos em território brasileiro. Segundo arqueólogos, 410 vestígios de fogueiras e pinturas de diversas épocas foram encontradas na “Serra da Capivara” no Piauí que podem comprovar tal afirmativa.

Portanto, não há dúvidas que nossa terra já era habitada antes da chegada de Cabral, até mesmo porque quando chegaram foram recebidos por “Índios”.

Dessa maneira podemos afirmar que quem descobriu o Brasil foram os Nativos. Já a história do “achamento do Brasil”, termo usado por Chico Alencar, possui muitas controvérsias como veremos a seguir.

A primeira já citamos: não houve descobrimento isso é uma visão eurocêntrica da História que desconsidera os muitos povos indígenas que viviam nas terras do atual Brasil. A segunda é que o Brasil nem era Brasil naquela época, era Pindorama, que na língua Tupi significa região das Palmeiras.

A terceira controvérsia é que Cabral também não era Cabral. Segundo Chico Alencar, seu nome era Pedro Álvares Gouveia. Gouveia de sua mãe dona Isabel. Naquele tempo o sobrenome do pai e sua herança pertenciam ao primogênito. Não era o caso de Pedro Álvares segundo filho de Fernão Cabral. Somente com a morte de seu irmão mais velho é que o Almirante Pedro teve a honra de usar o sobrenome paterno – Cabral – o que ocorreu depois de sua chegada ao “Brasil”.

Uma quarta contradição é com relação à afirmação de que o descobrimento do Brasil foi uma “causalidade”, tese defendida apenas por alguns historiadores “oficiosos”.

Em oposição à teoria da “causalidade” tem-se a tese da “intencionalidade” abraçada por grandes e sérios historiadores que a defendem amparados em dois instigantes acontecimentos: o primeiro o fato de D. João II não ter medido esforços para mudar o Tratado de Tordesilhas, entre outros motivos, porque a Coroa Portuguesa obtivera informações de que o espanhol Vicente Yañes Pinzon, Capitão da Caravela “Nina” já tinha percorrido o litoral do Ceará antes de Gouvêa/Cabral, ou seja, ficaram sabendo da existência destas terras. O outro acontecimento que pode comprovar esta tese é o fato de que os Lusitanos já haviam conhecido estas terras tupiniquins, tanto é verdade que o referido “Tratado” teve como uma das testemunhas o Português Duarte Pacheco Pereira, homem que segundo alguns historiadores esteve em 1498 em terras brasileiras.

Finalmente foi nos ensinado também, que devemos comemorar o descobrimento do Brasil no dia 22 de abril. No entanto aqui reside outra controvérsia. Em 1500, conforme ensina o historiador Chico Alencar vigorava o calendário Juliano. Com o avanço da astronomia, que permitiu uma maior precisão do tempo de rotação da Terra em torno do Sol, em 05.10.1582 esta divisão do tempo foi substituída pelo calendário Gregoriano, elaborado pelo astrônomo Italiano Aloysius Lilius e promulgado pelo Papa Gregório XIII. Assim foram retirados do calendário 10 dias, portanto, o dia 05.10.1582 passou a ser o dia 15/10/1582. Dessa maneira, pelo mesmo motivo e considerando os dias dos anos bissextos da virada dos séculos, o dia 22 de abril de 2008 na verdade será o dia 06 de maio, fato que não obstante a confusão de datas, favorece o festeiro povo brasileiro que terá dois bons motivos para festejar: primeiro, comemora-se o “descobrimento do Brasil” no dia 22 de abril e depois o “achamento do Brasil” no dia 06 de maio. De qualquer maneira, salve...salve...Pindorama, Ilha de Vera Cruz, Terra de Vera Cruz, Terra dos Papagaios, Terra do Brasil e Salve...Salve o BRASIL...!

Odilon de Mattos Filho

Um comentário:

Camilla O. disse...

Fiz um ótimo uso, parabéns.