quinta-feira, 19 de junho de 2008


A FLORESTA AMAZÔNICA É NOSSA E NINGUÉM “TASCA”

Aprendemos nas aulas de Geografia do Brasil a grandeza do País com sua enorme dimensão continental, as valiosas riquezas minerais, a pujança do Parque Industrial, a beleza natural do País, etc. No entanto, os livros didáticos com raríssimas exceções, não mencionavam ou vangloriavam a enorme diversidade biológica do País, fato pouco conhecido pelo Povo brasileiro, mas muito apreciado pela comunidade internacional.

Neste campo da biodiversidade citamos como maior exemplo do Brasil a Floresta Amazônica. Lá existem mais de 55 mil espécies de plantas catalogadas, 428 espécies de mamíferos, 1.622 espécies de aves, 467 de répteis e 516 espécies de anfíbios, portanto, somente nesta região do Brasil podemos constatar a grandeza e riqueza da diversidade biológica do Brasil.

A extensão total aproximada da Floresta Amazônica é de 5,5 milhões de km². Distribui-se mais ou menos da seguinte forma: 60% no Brasil, e o restante (40%) pela Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Estes 60% correspondentes ao Brasil constituem a chamada Amazônia Legal, abrangendo 08 Estados.

A Amazônia possui grande importância para a estabilidade ambiental do Planeta. Nela estão fixadas mais de uma centena de trilhões de toneladas de carbono. Sua massa vegetal libera algo em torno de 07 trilhões de toneladas de água anualmente para a atmosfera, via evapotranspiração, e seus rios descarregam cerca de 20% de toda a água doce que é despejada nos oceanos pelos rios existentes no globo terrestre. A floreta engloba ainda 38% (1,9 milhões de km²) de florestas densas; 36% (1,8 milhões de km²) de florestas não densas; 14% (700 mil km²) de vegetação aberta, como cerrados e campos naturais, sendo 12% da área ocupada por egetação secundária e atividades agrícolas.

E é exatamente esta riqueza da Floresta estimada em mais de 14 trilhões de dólares, que desperta a cobiça de outros Países que disfarçados no mote de sua proteção, tentam internacionaliza-la conforme estamos vendo nos debates mundo afora, discussão, que diga-se de passagem, vem extrapolando os limites do argumento preservacionista para entrar no campo intervencionista, fato que preocupa os brasileiros, especialmente, com relação à soberania nacional.


O livro didático “An Introduction to Geography” de autoria de David Norman, utilizado na Escola “Junior Highschool” nos USA, chega ao cúmulo em afirmar, em sua pág. 76, que...“desde meados dos anos 80 a mais importante Floresta do mundo passou a ser de responsabilidade dos USA e da ONU é a primeira Reserva Internacional da Floresta Amazônica...” Neste mesmo sentido, o jornal “The New York Times” em matéria intitulada “De quem é esta floresta amazônica, afinal?” publicou que há “um coro de líderes internacionais declarando mais abertamente a Amazônia como parte de um patrimônio muito maior do que apenas das nações que dividem o seu território".


Além destes discursos “ameaçadores”, temos que reconhecer a existência de outros grandes problemas que necessitam de uma urgente e firme intervenção do Estado, tais como: o combate às queimadas e o desmatamento da Floresta; a venda indiscriminada de terras a estrangeiros e a erradicação definitiva da biopirataria que vem desviando ilegalmente as riquezas naturais e o conhecimento das populações tradicionais sobre a utilização destes recursos, entre outros.

Com relação a biopirataria, o ambientalista Daniel P. Rezende Cabral sustenta que esta ação “enfraquece cada vez mais o nosso País, ignora a soberania territorial e culmina na perda de um imprescindível patrimônio genético e biosférico que está longe de ser mensurado do ponto de vista econômico, mas que já é explorado pela ganância internacional”.


Um outro grave problema que nos chama atenção é o impressionante número de ONG’S na região Amazônica. Segundo o comando do Exército lá estão instaladas aproximadamente 100 mil Organizações. Curiosamente, tem mais ONG’S na Amazônia brasileira do que em todo Continente Africano que sofre com a fome, epidemias de AIDS, Ebola e outros graves problemas. Há fortes indícios também, de que à grande maioria destas Organizações são as responsáveis pela biopirataria na Amazônia, sendo que muitas delas estão a serviço de empresas transnacionais e até mesmo de Governos, como por exemplo, dos USA.

Diante de tudo isso há a uma imperiosa necessidade de ações concretas do Governo e da sociedade para coibir os crimes contra este nosso valioso patrimônio.

Neste sentido nos parece que o Governo vem agindo. Está sendo preparado o novo “Estatuto do Estrangeiro”. Esta lei entre outros pontos, desburocratizará a concessão de vistos, facilitará a vida de quem vier trabalhar ou abrir pequenos negócios e abrirá os braços do Brasil para uma categoria especial de imigrante: o aposentado. Por outro lado o Estatuto, longe de ser xenófobo, vai, regulamentar a venda de terras a estrangeiro e será rigoroso também no controle da entrada e do trabalho de estudiosos e de ONG’S que atuam no Brasil, especialmente, na Amazônia.

No campo diplomático o Brasil já respondeu à altura os delirantes comentários sobre a internacionalização da Floresta Amazônica. Primeiro o ex-Ministro da Educação Cristóvam Buarque disse: “Como humanista aceito defender a internacionalização do mundo. Mas enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa”. Mais recentemente o Presidente Lula, como um verdadeiro estadista, disse que reconhece e tem consciência dos problemas que afligem nossa “Floresta Mãe”, no entanto, criticou a interferência de países estrangeiros no debate, especialmente daqueles que são os responsáveis por 70% da poluição do Planeta, afirmando alto e bom som que “o mundo precisa entender que a Amazônia Brasileira tem dono. É o povo brasileiro”, ou seja, a Floresta Amazônica é nossa e ninguém “tasca”.

domingo, 15 de junho de 2008


“VEJA” ATÉ QUE PONTO CHEGA O PRECONCEITO RACIAL:

“A sociedade brasileira sempre se definiu como uma sociedade de mistura racial, mas sempre soube separar certos lugares sociais para negros e brancos.”

No dia 01.11.2006 este Jornal publicou um texto de nossa autoria com o título “A tendenciosa influência da mídia nos rumos da democracia”. Este texto chama a atenção para a postura de parcialidade e de preconceito da grande mídia, em especial da revista “Veja”.

Corroborando a posição da revista, um de seus colunistas Diogo Mainardi, de forma dissimulada e ignóbil promoveu na edição de nº 2057 da “Veja” ataques à Política de Cotas nas Universidades do Brasil.

Referindo-se a uma ação que tramita no STF contra a Política de Cotas e o PROUNE, escreveu este jornalista sob o título “O Quilombo do Mundo” o seguinte texto: “É uma chance para acabar de vez com o quilombolismo retardatário que se entrincheirou no matagal ideológico das universidades brasileiras”. E utilizando-se de uma interpretação literal e pejorativa o jornalista termina seu texto dizendo: “O Brasil se refugiou no passado. O Brasil é o quilombo do mundo. Quilombo, segundo o dicionário Aurélio, é estado de tipo africano formado, nos sertões brasileiros, por escravos fugidos”.

Por seu turno e seguindo a mesma linha do torpe “raciocínio” de seu colega, um outro articulsita Reinaldo Azevedo, no dia 07.01.2008 na “Veja On-line” escreveu: “Que diabo se passa com o Partido Democrata americano, que tem como favoritos uma mulher e um negro com sobrenome islâmico e nenhum homem branco para enfrentá-los?”

Diante destas inequívocas opiniões racistas, não resta dúvidas do comportamento preconceituoso deste periódico, o que nos leva a lamentar e rechaçar prontamente essa ação e aclarar para a sociedade e para mídia, que em nenhum momento os defensores das Ações Afirmativas, propuseram entre a escolha das cotas e qualidade do ensino. Nunca houve esta dicotomia. È uma falsidade criada por setores reacionários para amarrar o debate.

Todos sabemos que em vários Países do mundo, especialmente os desenvolvidos, as “Políticas Afirmativas” já são debatidas ha muito tempo é o caso por incrível que pareça, dos USA que desde a década de 60 iniciaram a implementação dessas políticas nas esferas do trabalho e da educação.

No Brasil, assim como ocorreu com a “abolição da escravatura” este tema ficou engavetado por um longo período, mas despertou agora com muita força. Alguns fatores importantes reabriram o debate. O primeiro foi à criação, pelo Governo Lula, da “Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial”; o segundo, a Política de Cotas e o PROUNE e há também o Projeto de Lei de autoria do Senador Paulo Paim – PT/RS – que dispõe sobre o Estatuto da Igualdade Racial.

Não há como negar que nos 500 anos de história do Brasil os negros ficaram atrelados aos grilhões do preconceito racial e da hipocrisia das elites quanto ao tema. Aliás, sobre esta atitude o incansável Senador Paulo Paim justificando seu Projeto de Lei sobre o Estatuto da Igualdade Racial escreveu este brilhante enunciado: “Podemos afirmar que durante toda a nossa vida recebemos as verdades de terceiros. A primeira verdade que recebemos é a da infância, quando sentimos, mas não questionamos. A segunda verdade é a da revelação que dói, que choca, é a percepção de que nos impuseram uma grande mentira. A terceira verdade é aquela que está acompanhada da dignidade humana, é a verdade da transformação. É por esta terceira verdade que aqui estamos, queremos transformar a realidade em que sempre viveram os que sofrem discriminação”.

Neste mesmo sentido Ismar C. de Souza, militante do Movimento Negro e articulista “free lancer” assinalou com muita propriedade: “Os interesses e idiossincrasias de nossa elite conservadora produziram convicções escravocratas que se tornaram estereótipos, ultrapassando os limites do simbólico e incidindo sobre os demais aspectos das relações sociais. Por isso, talvez ironicamente, a ascensão dos negros na escala social, por menor que seja, sempre deu lugar a manifestações veladas ou ostensivas de ressentimentos”.

Por sua vez o Professor Valter Roberto Silvério, Coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), criticando àqueles que contestam a Política de Cotas preleciona: ...há um cinismo, por parte da classe média brasileira, que nega a existência de racismo e que não admite que a educação tem o poder de combater o racismo, por medo de perder seus privilégios. Esses grupos, que sempre tiveram privilégios, não percebem que essas políticas geram a possibilidade de construção e o aprofundamento da cidadania".

Realmente são precisos os argumentos do Professor Roberto quanto à intolerância de alguns com relação às cotas. Aliás, neste diapasão a jornalista, Miriam Leitão afirmou que a igualdade perante a lei sempre conviveu com tratamento diferente aos desiguais. Na área tributária temos a regressividade; o “Bolsa Família” é direcionado às camadas mais pobre da sociedade; temos cotas para as mulheres nos Partidos quando da escolha de candidatos aos cargos proporcionais e até no comércio internacional existe o princípio do tratamento diferenciado para os Países mais pobres.

Portanto, fica nítido que as cotas estão dentro destes mesmos parâmetros, não há motivos para resistências, ao contrário, tem-se que ter consciência de que tratar da mesma forma os desiguais é que acentua a desigualdade.

Assim, e passados 120 anos da abolição “formal” da escravatura, temos que reconhecer nossa imensurável dívida com os irmãos afro-descendentes, cabendo a nós e aos movimentos populares impulsionarmos o Governo para dar prosseguimento à abolição por meio da intensificação das Políticas Sociais e o aprofundamento das Ações Afirmativas, e comitantemente, denunciar publicamente, toda vez que estas e outras Políticas de discriminação positiva forem contestadas de forma preconceituosa como o fizeram estes “capachos” desta “elite monocromática”, acobertados pela capa de jornalistas.

PROGRAMA "BOLSA FAMÍLIA"

Amparada no Poema "O Bicho" de Manuel Bandeira, a Professora de Literatura Juliana Gervason do "Colégio Apogeu"- onde meu filho Pedro Ernesto estuda - criou um lindo vídeo do qual nos valemos para demonstrar a extrema importância do "Programa Bolsa Família" para as camadas mais pobres do Brasil.

Veja o vídeo e reflita!