sábado, 1 de março de 2008

CHE GUEVARA


HÁ 40 ANOS MORRIA “CHE GUEVARA”, MAS SEUS SONHOS E LUTAS PERMANECEM VIVOS EM NOSSAS MENTES E CORAÇÕES.
Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros" Che Guevara

No dia 9 de outubro de 1967 morria executado com 11 tiros, no povoado de La Higuera, Bolívia, aos 39 anos de idade, um jovem que se transformaria em dos maiores Líderes Populares da América Latina. Seu nome: Ernesto Guevara de La Serna, conhecido mundialmente por “Che Guevara”.

Ernesto Guevara de La Serna, filho de Célia de La Serna e Ernesto Guevara Lynch nasceu em 14 de maio de 1928 às 3h15 da manhã, na cidade de Rosário, Argentina.

Ernestito como era chamado pelos pais, foi o primogênito, mas o casal teve ainda mais três filhos. Ele herdou da mãe a cultura e a intrepidez que fez dele um líder. Ernesto foi uma criança levada e apesar da forte bronquite que o atormentava, nada o impedia de sempre fazer o que queria. Estudioso, adorava história, filosofia e desde jovem lia Marx. Por toda sua vida levou o hábito de escrever em diários.

Che Guevara decidiu fazer medicina após a doença da avó e se especializou como alergista, provavelmente para estudar e entender sua doença.

Ao lado do amigo Alberto Granado viajou de motocicleta pela América Latina para conhecer seus habitantes e suas condições de vida, história e geografia. Na Guatemala, se junta às milícias populares que defendiam o Governo Popular de Jacob Arbénz contra uma invasão orquestrada pela CIA. Após a queda do Governo Arbéns, exila-se No México. Lá, conhece o grupo de Fidel Castro, também exilado como punição pelo assalto ao quartel Moncada. Desse encontro nasce o apelido de Che, pelo seu sotaque argentino ao pronunciar a interjeição "che" a toda hora. Castro preparava uma invasão a Cuba e Guevara se junta aos guerrilheiros como médico.

Em dezembro de 1958, o então médico "Dr. Che Guevara" fez a escolha que mudaria a história. O desembarque em Cuba fora descoberto pelo governo do ditador Fulgêncio Batista e os guerrilheiros foram recebido por intenso bombardeio, mas em 1° de janeiro de 1959 eles entram triunfantes na capital Havana.

Homem de personalidade forte, socialista convicto, orador inteligente, hábil estrategista e, acima de tudo, extremamente voluntarioso e decidido, Che não se adaptou à burocracia “Castrista” e, em 1965, deixou o cargo de Ministro da Economia de Cuba porque, como ele dizia, “outros países do mundo clamavam por revoluções".

Na Bolívia isolado em território desconhecido e sem apoio do Partido Comunista local, foi perseguido pelo exército e pela CIA e levado para o povoado de La Higuera onde foi, cruelmente, executado.
Este é um breve resumo da vida de “Che Guevara”, amplamente conhecida por estudantes e por sérios e honestos historiadores e jornalistas do mundo, especialmente da América Latina. Porém, a grande mídia é impiedosa, e por mais uma vez tentou-se desconstruir a importante biografia de “Che Guevara” marcada pela defesa intransigente do socialismo, da liberdade e da justiça. E esta deliberada ação de revisionismo da história coube à Revista “Veja”, que em sua Edição nº 2028 trouxe na capa a foto de Che Guevara com seguinte chamada: "Che - A farsa do herói - Há quarenta anos morria o homem e nascia a farsa".

Alguns se surpreenderam e ficaram chocados com a matéria, mas a maioria dos brasileiros não esperava outra coisa desta revista sabidamente comprometida com as elites conservadoras do Brasil e ferrenhamente contra qualquer liderança popular do campo progressista e de esquerda que apareça na América Latina.


Esta postura da revista “Veja” de desqualificação das lutas populares já se tornou rotina. Um outro exemplo desta afirmativa ocorreu na matéria sobre um dos maiores nomes da Educação, conhecido e reconhecido mundialmente que é Paulo Freire. Na edição de 12.09.07, o jornalista Reinaldo Azevedo escreveu: “As Escolas brasileiras, deformadas por teorias avessas à cobrança de resultados e o esquerdista Paulo Freire prestou um desserviço gigantesco à causa, perdem-se no proselitismo e na exaltação do chamado universo educando”. Aqui está uma das mais injustas matérias contra este ícone da Educação Popular que é Paulo Freire.

Voltando à reportagem da “Veja” sobre Che Guevara, assinada pelo jornalista Diogo Schelp é fácil observar como a matéria é imprecisa, apelativa, pinçada e selecionada sem o menor rigor científico. Isso é explicado, primeiro pela linha ideológica da empresa Abril – que lembremos bem, tem como um de seus sócios o grupo Naspers que foi o porta-voz do Apartheid Sul Africano durante toda sua existência - e depois pelas fontes utilizadas pelo jornalista que seguindo a praxe da Revista só as buscaram nos setores e com pessoas que lhe interessavam e que sabidamente são contra o regime Cubano e Che Guevara.

Neste mesmo sentido o jornalista Alexandre Barbosa com grande precisão escreve: “No texto sobre Che, novamente fontes ligadas a Miami [referindo-se a matéria sobre Hugo Chávez} são usadas. Foi ouvido Napoleón Vilaboa, exilado em Miami, que ganhou dinheiro explorando a saída de cubanos pelo porto de Mariel em 1980. Pedro Corzo, do Instituto de Memória Histórica Cubana, sediado em Miami e Jaime Suchlicki, historiador cubano da Universidade de Miami. Mais uma vez, nenhuma fonte Cubana, Argentina ou Brasileira foi ouvida, quebrando um premissa do bom jornalismo de ouvir os dois lado”

E é exatamente contra esta postura tendenciosa, elitista e golpista da grande mídia, que está havendo no Brasil uma reação que vêm do fortalecimento dos meios de comunicação alternativos, capitaneados pelos blogs, sites, Orkuts, Rádios e Tv’s comunitárias e universitárias, todos compromissados com a pluralidade de idéias, a democratização da notícia e a participação coletiva. E foi daí que surgiu um enorme protesto contra esta matéria da “Veja” nos mostrando uma vez mais, que os sonhos e lutas de “Che Guevara” permanecem vivos nas mentes e corações do Povo Latino-Americano.

Odilon de Mattos Filho
odilondemattos@ig.com.br
Andrelândia/MG

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